Impasse
Cooperativa de reciclagem tenta renovar contrato com Prefeitura de Piratini
Das sete trabalhadoras, quatro tiveram que abandonar a coleta devido às dificuldades causadas pela falta de repasses do Município
Foto: Nael Rosa - Quatro trabalhadoras tiveram que abandonar a Cooperativa
Heitor Araujo
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A Coopiratini, cooperativa que trabalha na reciclagem de lixo em Piratini, está há oito meses sem receber repasses do Município. O motivo é a não-renovação do contrato com o Município, que se encerrou em junho do ano passado, devido à não apresentação da documentação necessária.
Sem a verba municipal, as condições de trabalho estão prejudicadas. Quatro trabalhadoras tiveram que abandonar a Cooperativa e as três que continuam mantêm-se apenas com as vendas do material reciclado, em volume bastante reduzido devido às condições precarizadas - no período em que manteve o convênio com a Prefeitura, reciclava-se até dez toneladas de lixo por mês.
De acordo com a presidente da Coopiratini, a recicladora Luciane Matos, a cooperativa enfrentou períodos de dificuldades, mas essas foram acentuadas pela ausência do convênio com a Prefeitura. "É um pouco por erro nosso, porque a gente não entende dessa burocracia", diz. "A gente está sem o convênio porque não apresentou a certidão negativa", completa.
"De junho para cá começou esse período de dificuldades. A gente teve o prédio arrombado, derrubaram a parede, e a gente paga a prestação do conserto. Roubaram botijão de gás e geladeira, a gente está sem agora porque não tem dinheiro para comprar, também tá sem água no prédio", relata a recicladora.
Assim, as trabalhadoras fazem um apelo, mas ao mesmo tempo agradecem à comunidade de Piratini, que tem ajudado na manutenção do serviço de reciclagem. "A gente pede socorro, a gente não sabe o que fazer e não quer fechar porque é o nosso serviço. A população de Piratini nos ajuda muito, as pessoas trazem materiais para nós, não fosse isso, a gente não iria sobreviver. A Prefeitura às vezes ajuda, empresta caçamba para fazer coleta, só que com o convênio ia ser melhor porque a gente ia rodar [nos bairros] todos os dias, e aí a gente voltaria a trabalhar entre as sete", conta Luciane.
"As outras se afastaram porque têm filho para sustentar, uma guria tem cinco crianças, e tiveram que sair para trabalhar em outro lugar. A gente que ficou é porque não tem filho, e a gente não quer fechar a cooperativa, é o nosso serviço e a gente ama o que faz", completa.
Desde outubro do ano passado, a Cooperatini tenta retomar o contrato com a prefeitura, alegam pessoas envolvidas com a cooperativa. Esbarram, no entanto, na burocracia. "Uma hora falta documento, em outra o orçamento não está certo, coisas nesse sentido", relata a professora e assistente social Eva Dutra Pinheiro, que ajuda as catadoras.
Segundo ela, o Município prometeu regularizar a situação até o fim deste mês, mas o cenário continua de incertezas. Por nota, a Prefeitura de Piratini afirma que "há tempo busca perfectibilizar o contrato com a Coopiratini, sempre com integral observância à legislação vigente".
A Prefeitura aponta que em dezembro de 2023 a Coopiratini encaminhou documentação para análise e a análise é que, agora, "a certidão federal estava positiva. Assim, após algumas análises, o Município entrou contato para adequação de documentos encaminhados". Atualmente, segundo a nota, o processo encontra-se no setor de licitações para realização da contratação.
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